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Fiagro pode somar R$ 100 bi em 5 anos
Alta de juros impulsiona modalidade que investe em certificados de recebíveis do agronegócio (CRA) e, ao mesmo tempo, inibe avanço dos que aplicam diretamente em terras ou em empresas do setor
– por Juliana Schincariol
A alta dos juros no Brasil impulsionou os fundos de investimento das cadeias agroindustriais (Fiagro) que investem em certificados de recebíveis do agronegócio (CRA) e, ao mesmo tempo, inibe o avanço de outras modalidades, como os fundos que aplicam diretamente em terras ou em empresas do setor. De forma geral, as perspectivas são positivas para todo o segmento, e as previsões são de crescimento, podendo o patrimônio chegar a R$ 100 bilhões em cinco anos, 14 vezes maior do que os R$ 7 bilhões em setembro.
O Fiagro tornou-se disponível aos investidores em outubro de 2021. Tanto a legislação que criou o produto quanto as regras iniciais da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) tiveram como base as normas dos fundos imobiliários. Essa indústria, que existe há 20 anos e tem patrimônio de mais de R$ 180 bilhões, é alvo de comparação com os fundos do agronegócio. Como o setor imobiliário e de construção civil representa menos de 10% do Produto Interno Brasileiro (PIB) e o setor agrícola é de mais de 25%, as expectativas são de forte crescimento para o Fiagro.
“Conservadoramente, a indústria de Fiagro pode chegar a R$ 100 bilhões em cinco anos. Em mais de 10 anos, o número pode chegar a R$ 500 bilhões”, estima a sócia e analista de crédito da gestora JGP, Julia Bretz.
O entendimento de gestores é que, conforme o varejo entender e se acostumar com o produto, haverá mais crescimento. Em janeiro de 2022, havia pouco mais de 30 mil investidores pessoas físicas, número que saltou a quase 160 mil até novembro. Na Devant Asset, por exemplo, o DCRA11 aumentou em 15% o número de cotistas mês a mês sem fazer “follow-on” (oferta subsequente). No momento, está com nova oferta em aberto, com objetivo de captar até R$ 90 milhões.
O sócio-diretor da Fator ORE, Alvaro Rezende, lembra que o Fiagro foi lançado em um momento mais maduro do mercado de capitais brasileiro, o que não foi o caso dos fundos imobiliários. “As operações de Fiagro tendem a chegar diretamente na cadeia industrial, são uma fonte importante de financiamento para o agronegócio. Para essa indústria crescer, é preciso haver disponibilidade de bons ativos para investimento”, afirma.
A lei 14.130 criou o Fiagro em junho de 2022 e, na sequência, a CVM fez uma regra provisória que permite a constituição de três tipos: imobiliário, de direitos creditórios e de fundos de investimentos em participações (FIP). Até o momento, o Fiagro que investe em CRAs, que se enquadra na categoria imobiliária, foi o que deslanchou. “Além da carteira atrelada ao CDI, pagam dividendos interessantes”, afirma Marcos Bertomeu, sócio-diretor e gestor dos fundos Agro da Fator ORE. Segundo dados da autarquia do mercado de capitais, os Fiagro têm R$ 3 bilhões destes certificados, de um patrimônio total de R$ 7 bilhões em setembro de 2022.
A alta do juros inibe o lançamento de Fiagro que investe diretamente em terras. Esses fundos têm como base o arrendamento de propriedades, e atualmente esse rendimento está abaixo do CDI. Ainda assim, o pagamento pelo aluguel de terras é considerado um ponto positivo, da mesma forma que os fundos imobiliários se beneficiam da renda dos aluguéis urbanos. Um dos poucos Fiagro de terras disponíveis no mercado é o FZDA, da gestora 051 Capital. Atualmente, a gestora está com uma oferta pública para um novo fundo, também para investir em terras.
A Kijani Investimentos chegou a protocolar um pedido na CVM para lançar um Fiagro de terras, mas acabou desistindo. “Recuamos no momento em que a Selic passou de 10%. Quando os juros arrefecerem, estaremos prontos”, diz o fundador da gestora, Bruno Santana. Pela mesma razão, os Fiagro Fip não decolaram. “Este produto se assemelha ao venture capital e private equity. Quando a taxa de juros estava muito baixa, havia um cenário favorável para o investidor migrar para capital de risco. O momento é de maior cautela”, diz Erik Oioli, sócio do VBSO Advogados.
Ainda há entraves do lado da oferta, especialmente dos pequenos e médios produtores, na visão de Lucas Elmor, sócio da Hectare Capital. “As grandes companhias do agronegócio já acessam o mercado de capitais. Entendo que falta mão de obra qualificada na Faria Lima que saiba analisar esse tipo de crédito, que tem um risco maior. É preciso saber fazer uma estruturação um pouco mais específica”, diz. O desafio, na visão dele, é implementar uma governança de forma que o investimento, mesmo com riscos, tenha pontos de controle para garantir a saúde do crédito.
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